HEPATITES VIRAIS
Os
babilônicos há cerca de 2500 anos, já haviam feito referências a surtos de
icterícia (olhos e pele amarelados) entre seu povo. Hipócrates no século IV
a.C. também descreveu quadros de icterícia epidêmica, sem qualquer ideia de
agente causal ou formas de transmissão. Quadros de icterícia epidêmica
ocorreram por séculos e foram marcantes, sobretudo, nos períodos de guerra e
catástrofes humanas, particularmente na Idade Média, quando ocorria piora das
condições sócio higiênicas locais.
À partir de
1883 foram publicados relatos de icterícia em pacientes que recebiam
hemoderivados (derivados do sangue), tais como vacinas derivadas da linfa
humana, após uso de medicações injetáveis.
Atualmente foram identificados 5 tipos de
vírus que causam infecção sistêmica, mas tem especial predileção pelo fígado.
São os vírus das hepatites A, B, C, D e E.
Quais os sintomas?
- Pacientes
com hepatite viral aguda podem ou não apresentar sintomas. Quando há sintomas,
em geral surge um quadro inicial de náuseas, moleza, falta de apetite, febre,
cansaço, dor abdominal e, as vezes, diarreia. Após esse período, inicia-se a
fase de icterícia, que pode durar de 5 a 30 dias, em média, em que são notados
urina muito amarela, graus variados de amarelidão na pele e olhos e fezes
descoradas. Em seguida o paciente torna-se assintomático.
A maioria
dos casos cursará de forma benigna, autolimitada, com evolução para resolução
espontânea sem sequelas. Alguns tipos de hepatite como B e C podem evoluir para
a forma crônica. Em poucos casos pode haver o desenvolvimento de hepatite
fulminante, que se caracteriza por piora progressiva da icterícia, sem que o
organismo consiga debelar a infecção. A forma crônica, em geral é
assintomática, mas a presença do vírus e sua agressão ao fígado pode levar ao
desenvolvimento de cirrose hepática ou câncer de fígado.
Quais os meios de contágio?
Hepatite A – É transmitida predominante
por via fecal-oral (água e alimentos contaminados com fezes) ou por contato
íntimo pessoa a pessoa. Os fatores de risco são o convívio familiar, os
agrupamentos militares ou não, as prisões, as creches e as instituições para
pessoas com retardo mental.
Hepatite B – É transmitido por vias
parenteral (através de sangue contaminado), sexual, horizontal (transmissão
parenteral inaparente intrafamiliar entre crianças pequenas) e vertical (da mãe
para o recém- nascido no parto). O mecanismo de transmissão preferencial
depende da quantidade de pessoas acometidas na região: em áreas com baixo
acometimento, a transmissão e principalmente por vias sexual e parenteral entre
usuários de drogas, enquanto em regiões alto acometimento é predominantemente
vertical e horizontal. As manifestações clínicas podem durar até 3 meses, com
95% doas pacientes adultos evoluindo para recuperação e sendo considerados
livres da infecção. Entre as crianças com menos de 5 anos, essa proporção se
inverte e até 95% delas podem se tornar portadoras crônicas da infecção.
Hepatite C – Tem transmissão
predominante parenteral. A incidência de novos casos apresentou grande declínio
nos últimos anos porque os principais fatores de risco para sua transmissão no
passado (transfusões de sangue e seus derivados) estão praticamente controlados
na maioria dos países. Ainda ocorre transmissão desse vírus entre usuários de
drogas ilícitas injetáveis, por procedimentos invasivos em serviços de saúde,
exposição ocupacional, transmissão vertical e contato sexual com indivíduos
portadores. A hepatite C aguda é
assintomática na maioria dos casos. Somente. A maioria dos pacientes infectados
evolui para a forma crônica, especialmente os assintomáticos.
Hepatite D – É considerada a hepatite
viral mais grave. Seus mecanismos de contaminação coincidem com os do vírus da
hepatite B, especialmente por via parenteral. É uma infecção endêmica em países
mediterrâneos, Oriente Médio, África Central e Amazônia. Só acomete pacientes
infectados pelo vírus da Hepatite B, porque precisa desse vírus para conseguir
se multiplicar e para ser transmitido. De modo geral 90% dos indivíduos evoluem
para recuperação completa sem sequelas.
Hepatite E – A sua transmissão é
fecal-oral. É endêmica na Ásia, África, América Central, e Oriente Médio. No
Brasil, poucos são os casos publicados, mas foi confirmado sua presença em
estudos. Clinicamente, apresenta-se de forma semelhante à Hepatite A, sendo na
maioria das vezes autolimitada e sem complicações.
Algumas pessoas evoluem para as formas
crônicas das hepatites que, em geral, são assintomáticas, então como saber se
alguém tem hepatite crônica?
O
diagnóstico das hepatites crônicas é feito través de exames específicos de
sangue, que podem ser solicitados por seu médico.
Como evitar o contágio?
Hepatite A e E
- Beba água
tratada ou fervida e lave a caixa de água a cada 6 meses.
- Cozinhe
bem os alimentos.
- Lave bem
as mãos com água e sabão, após ir ao banheiro, trocar fraldas, antes e depois
de preparar alimentos, antes de comer.
- Lavar bem
as frutas e verduras; coloque-as de molho em água, adicionando hipoclorito de
sódio e deixe por 30 minutos. Não precisa enxaguar.
- Não
deixem as crianças brincarem no esgoto a céu aberto, nós córregos e no lixo.
Hepatite B e C
- Não
compartilhe seringas, agulhas, escovas de dentes e outros objetos cortantes.
- Evitar a
promiscuidade sexual.
- Evitar o aleitamento
cruzado (outra pessoa amamentar o seu bebê).
Para as
hepatites A e B existe vacina. A vacina para Hepatite B está disponível na rede
pública para pessoas até 49 anos e faz parte do calendário de vacinação das
crianças. Tomando a vacina de hepatite B, você está protegido para hepatite D
também. A vacina para Hepatite A existe só na rede privada, mas deve ser
introduzida na rede pública para os recém-nascidos.
Atualmente
existe tratamento para as Hepatites B e C fornecidas pela rede pública de saúde.
O grande desafio é diagnosticar os portadores crônicos, já que os sintomas são
poucos e inespecíficos. A Sociedade Brasileira de Hepatologia está realizando
uma campanha para diagnóstico de hepatite C em pessoas acima de 45 anos e estamos
realizando, gratuitamente, o teste rápido para hepatite C na clínica Salute. Então,
se você tem mais de 45 anos, faça o teste ou avise aos seus amigos e familiares
para assim o fazer. O mundo agradece.
Dra. Christianne
Jatobá.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado por seu comentários em breve manteremos contato.