MISSÃO: DEVER DE TODO BATIZADO
Joelder Pinheiro Correia de Oliveira*
A Igreja no Brasil dedica o mês de outubro às
missões. O tema sobre missões ocupa um lugar todo especial em muitas homilias,
palestras, encontros e formações, entretanto, cabe-nos perscrutar um pouco mais
sobre o que ela é, quem são seus agentes e onde deve se realizar.
A Igreja como ícone da Trindade não pode ser
estática, parada, fechada em si mesma; a Trindade Santíssima é movimento, pois o
Pai, em seu desígnio, cria todas as coisas e envia seu Filho para redimir a
criação e seu Espírito Santificador para guiar a Igreja. Sendo assim, a missão
não é um adereço, mas a Igreja é essencialmente missionária. Enquanto
assembleia dos convocados que peregrina no mundo, ela se dirige ao Pai, no
Filho, pelo Espírito, e deve anunciar e convidar a todos para trilharem este
caminho de salvação.
Não é possível pensar na missão como
atividade de alguns grupos ou de algumas pessoas, tais como sacerdotes,
religiosos e religiosas, leigos consagrados, pois é dever de todo cristão, de
todo batizado, em cujo coração deve ecoar sempre as palavras de São Paulo: “Ai
de mim, se eu não anunciar o evangelho!” (1Cor 9, 16). Vale ressaltar que
compreende errado quem pensa na missão somente como Missões Populares ou como
outro modo de evangelização, embora sejam importantes essas ações, a missão é
muito mais que isso, ela acontece no dia-a-dia, nas famílias, no trabalho, nas
amizades, onde quer que esteja um batizado.
Mas como evangelizar em todos os lugares? O
primeiro, melhor e mais coerente meio de anunciar o evangelho se dá com o
testemunho de vida, tornando-se sal da terra e luz do mundo “para que, vendo as
vossas boas obras glorifiquem vosso Pai que está nos céus” (Mt 5, 16). Hodiernamente,
multiplica-se o número dos que pregam e utilizam os diversos meios de comunicação
para tanto, o que é válido, mas o nosso tempo está sedento de pessoas que vivam
verdadeiramente o que dizem crer, que levem a todos os lugares a alegria de ser
cristão e irradiem a verdade que é Cristo, cônscios do que disse Jesus: “Eis
que vos envio como ovelhas entre lobos” (Mt 10, 16).
Os primeiros cristãos entendiam bem isso,
eles não retinham para si o que ouviam sobre Cristo, saiam logo a propagar aos
seus, e todos pediam o batismo: “Tendo sido batizada (Lídia), ela e os de sua casa” (At 16, 15); vê-se também
no relato da samaritana, em João 4, 1- 42, o anúncio que ela fez ao encontrar
com Jesus. Muitos cristãos até se empolgam nos encontros e formações, mas não
são capazes e nem têm a alegria de propagarem a fé em Cristo por onde passam,
de ser missionários do dia-a-dia. Às vezes até, infelizmente, acabam sendo um
contra testemunho quando pregam tão bonito, mas vivem totalmente o oposto do
que pregam.
Por fim, o apelo do Papa Francisco para que a
Igreja saia ‘da sacristia’ é, na verdade, um apelo para que todos os batizados
redescubram que a missão é essencial e que o “ide fazer discípulos meus entre
todos os povos” (Mt 28, 16) é o envio de Jesus dirigido a todo aquele que o
conhece e o ama.
Seminarista do 1º ano de Teologia
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