História

Comecemos a história da Diocese de Palmeira dos Índios por uma pré-história, embora não muito remota. Voltemos ao final do século XVIII, mais precisamente a 1798, quando foi criada a sua primeira Paróquia (freguesia de Nossa Senhora do Amparo, Palmeira dos Índios). Neste período, o atual território de Alagoas pertencia canonicamente a Diocese de Olinda- PE.
No século XIX, foram erigidas mais seis freguesias (paróquias): Senhora Sant’Ana, Santana do Ipanema (1836); Nossa Senhora da Conceição, Mata Grande (1837); Sagrado Coração de Jesus, Pão de Açúcar (1853); Senhor Bom Jesus dos Pobres, Quebrangulo (1856); Nossa Senhora da Conceição, Água Branca (1864); e, Nossa Senhora do Bom Conselho, Belo Monte (1885).
No ano de 1900, o Papa Leão XIII criou a Diocese de Alagoas abrangendo todo o território do Estado, que já havia se emancipado de Pernambuco desde 1817. Seu primeiro Bispo, Dom Antônio Manuel de Castilho Brandão, natural de Mata Grande, foi o primeiro alagoano elevado ao episcopado e veio transferido da Diocese de Belém- PA. Enquanto pertencia a Diocese de Alagoas, foi criada apenas uma paróquia, a de Santo Antônio de Pádua, Major Izidoro (1913), já com o seu segundo Bispo, Dom Manuel Lopes.
Em 1916, o Papa Bento XV criou a Diocese de Penedo, cuja circunscrição abrangeu quase todo o território da nossa Diocese. Sob o bispado penedense, foram criadas as paróquias de Nossa Senhora do Rosário, Delmiro Gouveia (1951), e Santo Antônio de Pádua, Olho d’Água das Flores (1955). Do bispado olindense ao penedense, este era o quadro eclesiástico no nosso atual território, contando também com a paróquia Nossa Senhora das Graças, Paulo Jacinto (1948), criada pela Arquidiocese de Maceió.
Em 1917, a Diocese de Alagoas passou a ser chamada Diocese de Maceió. Em 1920, Maceió foi elevada a Arquidiocese. Diante da vastidão do território e das necessidades pastorais, João XXIII criou a Diocese tornando-a sufragânea da referida Arquidiocese. Assim, de modo panorâmico, veem-se os contextos externo e interno que permeiam a criação da Diocese palmeirense.
Bula Papal


Em 10 de fevereiro de 1962, pela Bula Quam Supremam, sua Santidade João XXIII criou a Diocese de Palmeira dos Índios com a finalidade de dar “aos povos cristãos a oportunidade de conservar cuidadosamente a religião e de ajustar o modo de vida aos preceitos do Sagrado Evangelho”. Por meio de um Decreto datado de 15 de agosto de 1962, dado na sede da Nunciatura Apostólica, Rio de Janeiro- RJ, Dom Armando Lombardi, Núncio Apostólico no Brasil, fez executar a Bula papal estatuindo as diretrizes para ereção canônica da nova Diocese.
Por este Decreto, foram desmembrados da Arquidiocese de Maceió os municípios de Quebrangulo e Paulo Jacinto e da Diocese de Penedo, Água Branca, Batalha, Belo Monte, Cacimbinhas, Delmiro Gouveia, Dois Riachos, Igaci, Major Izidoro, Jacaré dos Homens, Maravilha, Mata Grande, Monteirópolis, Olho d’Água das Flores, Olivença, Palmeira dos Índios, Pão de Açúcar, Piranhas, Poço das Trincheiras, Santana do Ipanema e São José da Tapera.
Dom Otávio e Dom Armando

No dia 19 de agosto de 1962, o Núncio Apostólico esteve em Palmeira dos Índios para presidir a solenidade. Além dele, estiveram presentes Bispos, Padres, Religiosos (as), Autoridades Civis e Militares e grande parcela de Fieis. Com a leitura pública, na nova Catedral, da Bula e do Decreto supracitados, foi erigida a Diocese de Palmeira dos Índios. Neste mesmo dia, foi empossado o seu primeiro Bispo, Dom Otávio Barboza Aguiar.
Posse de Dom Otávio Aguiar

A Diocese contava com apenas onze Paróquias (criadas de 1798 a 1948), todas supracitadas. Coube ao novo Bispo ampliar a ação pastoral e lançar as bases da nova Igreja Particular, com destaque para implantação da Cúria e da criação do Seminário Menor, que serviria para formação do futuro clero. O seu território abrange parte do agreste e todo sertão alagoano, fazendo divisa com Dioceses de Pernambuco, Bahia e Sergipe.
No ano de 2012 foi celebrado, com muito fervor, o Jubileu pelos 50 anos da criação. A imagem de Nossa Senhora do Amparo peregrinou por todas as Paróquias da Diocese. Na Sé Diocesana, houve uma semana de atividades, contando com um Simpósio Eucarístico e a Celebração diária da Santa Missa, presididas por vários Bispos. No dia solene, 19 de agosto, a Santa Missa foi presidida por Dom Giovanni d’Aniello, Núncio Apostólico no Brasil.
Atualmente, a Diocese conta com 34 municípios e 36 paróquias, divididas em 4 Setores Pastorais (Palmeira dos Índios, Batalha, Santana do Ipanema e Delmiro Gouveia); 47 Sacerdotes incardinados e residentes, 9 incardinados e não residentes e 1 residente não incardinado; um bom número de seminaristas; 1 Congregação Religiosa masculina e 4 femininas. Conforme o IBGE 2010, sua população é de 583.502, sendo 519.135 Católicos. Seu território é de 10.858 km2.
No âmbito social, destacam-se os trabalhos da Fazenda da Esperança, da Casa do Menor, do Lar da Criança, da Vila do Idoso, a assistência da Cáritas e as atividades das Religiosas, bem como, a formação acadêmica fornecida tanto pela Diocese como pelas Religiosas, que vai desde o ensino infantil ao nível superior. O trabalho de evangelização realizado pelos diversos movimentos e pastorais, nos múltiplos carismas e áreas de atuação, torna a experiência do encontro com Cristo uma realidade atuante e transformadora.
Obedecendo a ordem do Senhor que manda pedir operários para a messe (Mt 9,38), em todas as Paróquias se reza a oração pelas vocações sacerdotais e religiosas, e Deus tem ouvido o clamor do seu povo. A formação dos seminaristas acontece no Seminário Diocesano São João Maria Vianney, Palmeira dos Índios, onde cursam o Propedêutico e a Filosofia (na FACESTA), e no Seminário Arquidiocesano Nossa Senhora da Assunção, Maceió, cursam a Teologia.
Monsenhor Macedo e Dom Armando

Quatro Bispos já pastorearam a Diocese: Dom Otávio Barboza Aguiar (1962-1978), Dom Epaminondas José de Araújo (1978-1984), Dom Fernando Iório Rodrigues (1985-2006) e Dom Dulcênio Fontes de Matos (2006-2017), cada um deixou profundas marcas de seu trabalho apostólico ardoroso. Marcaram a vida do Povo de Deus o amor e a dedicação de tantos sacerdotes abnegados e fieis, dos quais fazemos memória na pessoa do Mons. Francisco Xavier de Macedo, que muito se empenhou para a criação da Diocese.
Na esteira dos fatos marcantes e das personalidades imortais que fazem parte da Diocese palmeirense, tudo que aqui foi relatado é apenas e tão somente um lampejo da luz que permanece fulgurante na vitalidade de todos os que formam essa Igreja Particular, povo de Deus unido no único Corpo de Cristo pela Eucaristia e pela escuta da Palavra de Salvação, em comunhão com o Bispo.



BRASÃO DA DIOCESE


 Consoante aos elementos já presentes no antigo escudo diocesano, o Padre Janildo Vaz de Medeiros, do clero local, fabricou um novo brasão, conferindo-lhe símbolos do bispado e um embelezamento maior. Com a publicação neste Blog da Diocese, em 07 de agosto de 2018, tornou-se oficial e do conhecimento de todos. Seguem abaixo as descrições heráldica e simbólica:

Descrição heráldica:

Brasão de escudo português quadripartido (esquartelado) com esmalte azul (blue) e metal ouro.
Os campos azuis, primeiro e quarto, ostentam cada um uma flor de lis, em metal prata.
No segundo campo, de metal dourado, há um Cereus Jamacaru (mandacaru), em sua cor natural.
No terceiro campo, também em metal dourado, há uma Roystonea Oleracea (palmeira imperial), em sua cor natural.
O escudo é encimado por uma mitra dourada, da qual pendem, nos flancos, suas ínfulas com borlas franjadas de dourado.
Cruz e báculo pastoral dourados cruzados em aspas.
Sob o escudo, está o listel de ouro forrado de azul, carregado da divisa diocesana em latim Dioecesis Palmiriensis Indorum (Diocese de Palmeira dos Índios), ladeada, nas extremidades, por duas duplas de flechas cruzadas em aspas, em preto (sable).

Descrição simbólica:

As insígnias diocesanas, superpostas ao escudo, simbolizam o Bispo, aquele que, como sucessor legítimo dos Apóstolos, garante a unidade e a catolicidade da Igreja local e exerce o tríplice múnus de pastorear, ensinar e santificar o Povo de Deus. O báculo pastoral foi graficamente representado no mesmo modelo do de Dom Otávio Barbosa Aguiar, primeiro Bispo Diocesano.
O escudo apresenta belamente a dimensão espiritual e geográfica da Igreja Particular que foi erigida sob a proteção de Nossa Senhora do Amparo. De fato, a devoção a Nossa Senhora (simbolizada pelas flores-de-lis) se espraia do agreste (simbolizado pela palmeira) ao sertão (simbolizado pelo mandacaru), com muita robusteza na Diocese palmeirense.
As flechas cruzadas, presentes no listel, remetem aos índios, que não somente foram os primeiros habitantes, mas ainda residem naquelas plagas.



PADROEIRA DA DIOCESE
NOSSA SENHORA DO AMPARO

Buscando relatar, brevemente, a história da Padroeira de nossa Diocese, debruçamo-nos sobre os anais, mais precisamente sobre um antigo texto de autoria do Sr. Luiz B. Tôrres, intitulado Pinceladas de História, no qual registrou “[...] uma história lacônica de Palmeira dos Índios [...]”. Do citado texto, transcreveremos os trechos que interessam à nossa pesquisa.

Os nativos Xucurus, convertidos ao catolicismo, ouviam de Frei Domingos de São José, chegado por volta de 1770, belos ensinamentos que falavam de um homem que fora pregado numa cruz, lá em terras muito distantes, pela remissão dos pecados de todos os que viveram, vivem e viverão sobre a terra.
Aprendiam, também, métodos novos para o plantio da mandioca e outras culturas que lhes traziam o sustento. Suas roças agora produziam milagrosamente e, cada dia mais, enchiam-se de respeito e gratidão pelo cara-pálida. Sabiam que os dois paus atravessados, que o frade trazia sobre o peito, chamavam-se cruz e até já haviam construído uma semelhante, bem maior, plantando-a no alto da Serra de Palmeira.
Frei Domingos, entusiasmado com o progresso espiritual dos indígenas, resolveu ir até a Vila de Garanhuns, falar com a Sra. D. Maria Pereira Gonçalves, residente em S. Gonçalo. Exporia àquela dama católica a situação dos índios, e pediria seu consentimento para explorar uma faixa de terra, como também nela pretendia construir uma capela sob o patrocínio do Senhor Bom Jesus da Boa Morte.
Já os nativos haviam edificado uma capelinha no alto da Serra da Boa Vista, porém muito pequenina. Conseguindo a autorização, Frei Domingos, auxiliado pelos índios convertidos, tratou de construir a capela, no lugar onde hoje, majestosa e bela, ergue-se a Matriz de Nossa Senhora do Amparo. Existe uma lenda muito interessante, transmitida até nós de geração em geração, a respeito da invocação a Nossa Senhora do Amparo.
Os índios veneravam na capela da Serra da Boa Vista, uma imagem pequenina, feita de barro, mal esculpida, cujo autor é desconhecido. Certa vez, notaram a ausência da referida imagem no nicho que lhe era reservado e, depois de buscas estafantes, vieram a encontrá-la no lugar da atual Matriz. Levaram-na para a capelinha e, por várias vezes, a imagem voltava misteriosamente, como a lhes indicar o seu desejo de ali permanecer. Fizeram-lhe a vontade.
Cada vez mais progredia o aldeamento Xucuru, reconhecendo-se a necessidade de uma freguesia, o que foi feito em 1798, sob o patrocínio de Nossa Senhora do Amparo. Tempos depois, o Monsenhor Macedo, quando cavava os alicerces da atual Matriz, procurou, através de escavações, descobrir a imagem antiga que, segundo a tradição, deveria estar enterrada perto da tumba do Pe. Lessa. Encontrou a tumba, mas não pôde prosseguir na busca, pois eram poucos os recursos.



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Fontes para o Histórico:
Decreto e Ata de Criação da Diocese de Palmeira dos Índios.
AGUIAR, Dom Otávio. Palmeira dos Índios. 15 anos de Diocese. Indusgraf Indiana Ltda: 1977.
QUEIROZ, Álvaro. Notas de História da Igreja em Alagoas. Maceió: EDUFAL, 2015.

Comentários

  1. Sugestão: poderiam incluir uma breve citação ao histórico sobre a criação das Paróquias mais recentes, como por exemplo, a do Sagrado Coração de Jesus, de Pariconha.

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