UM CAMINHO PARA AS VIRTUDES
Padre Marcos André Menezes dos Santos
Todos
sabemos: é próprio do ser humano buscar crescer e adquirir virtudes; entretanto,
não é procurando o mais fácil, nem o mais cômodo, nem o menos laborioso que
poderemos desenvolver talentos, lapidar temperamentos, fazer progressos, aperfeiçoar
nessa ou naquela matéria, terminar esta ou aquela obra começada. Às vezes, precisamos ir por caminhos que não conhecemos
e dos quais não gostamos. Isso era o que entendia, já
no século XVI, São João da cruz (cf. Obras
Completas. São Paulo: Vozes, pp. 89.109.121), que celebraremos no próximo
dia 14 de dezembro. O santo ensinava que, para agir virilmente e, com constância,
adquirir logo as virtudes, seria útil e proveitoso, para o homem virtuoso, que
buscasse inclinar sempre não ao mais fácil, mas ao mais dificultoso; não ao
mais saboroso, mas ao mais insípido; não ao mais gostoso, mas ao insosso; inclinar-se
não ao que é ocioso, mas ao mais trabalhoso; não ao mais, mas ao menos; e não
andar escolhendo o que é menos cruz. De tal modo que o caminho da virtude, dos
talentos, do aperfeiçoamento, do terminar aquilo que se começou é aquele que exige
de nós esforço, luta, labor e dedicação, sem os quais não se vai para lugar algum.
Santo
Agostinho já falava na sua obra A Cidade
de Deus (cf. Livro II, capítulo I) que aquele seu livro era fruto de suas
vigílias, sem as quais não haveria livros escritos. Já Santa Teresa de Ávila, em
sua obra Castelo Interior (cf. Quintas
Moradas, capítulo 4,§ 6), comenta acerca de certas pessoas que ela conheceu e
que prontamente iam adiantadas em virtudes, mas que decaíram, só porque não se
esforçaram e não foram perseverantes no caminho. Na própria Sagrada Escritura, é
conhecida a parábola dos talentos (cf. Mt 25,14-30; Lc 19, 11-27) na qual o
Senhor elogia os que fizeram render o que receberam, enquanto desaprova aquele
que foi medroso e preguiçoso.
Portanto,
todo talento é fruto de esforços. E para nós não nos faltam ocasiões de desenvolvê-los.
Em Lucas 21,13 é dito que os discípulos passariam por ocasião de dar testemunho.
Também não nos faltam ocasiões de aperfeiçoarmo-nos em nossas virtudes; às
vezes, no sentido de nos resguardar e de evitar certas ocasiões, como não
acompanhar certas conversas ou vis comentários; em outras, podemos testemunhar
a nossa fé, exercer a bondade, a mansidão, o autodomínio, a humildade, a moderação.
Há certamente ocasiões e boas e frutuosas para crescer profissionalmente. Portanto,
não se incline nem ao mais fácil nem ao mais cômodo em sua caminhada, siga,
porém o seu caminho virtuoso, pelo mais dificultoso, pelo mais árduo, que poderá
tornar-se mais doce e suave, quando seguido por, com e em Deus.
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