CÁRITAS DIOCESANA DE PALMEIRA DOS ÍNDIOS REALIZA CAMPANHA EM SOLIDARIEDADE AO POVO KALANKÓ
Situados no Alto Sertão de Alagoas, no
município de Água Branca, os Kalankó são impactados com o fenômeno de longas
estiagens, característica de regiões semiáridas. Com a intenção de minimizar os
impactos causados, uma das principais ações é a implementação de tecnologias
sociais para a convivência com o clima, especificamente as cisternas de placas,
que armazenam água da chuva. Neste sentido, a campanha tem como finalidade
angariar fundos para construir cisternas para 42 famílias das comunidades
Gangorra, Januária, Gregório, Batatá e Lajeiro do Couro.
A primeira ação realizada foi uma visita
nestas comunidades, onde uma equipe de Agentes Cáritas conheceu algumas famílias
da etnia indígena Kalankó, que apresentaram suas principais dificuldades para
armazenar água para o consumo humano. Ao conhecer esta realidade, a Cáritas
traçou algumas estratégias para iniciar a campanha.
Foi realizada uma oficina no dia 03 de abril,
em parceria com o Coletivo Macambira, tendo como público as famílias que necessitam de cisternas com o objetivo de levantar dados sócio-culturais,
discutir gerenciamento de recursos hídricos e convivência com o Semiárido e
construir o tema e o lema da campanha.
A oficina gerou o sentimento para além da
campanha, sendo os Kalankó resistentes e protagonistas da luta pelo seu
território tradicional, vivenciando rituais, produzindo sua própria existência.
As crianças também foram parte desse momento
de formação, com elas foram realizadas atividades lúdicas voltadas para o
imaginário do lugar. A criança inserida no espaço e participante ativa da vida
em comunidade.
A memória muito viva daqueles que
participaram das frentes de serviço do governo em épocas passadas, a indústria
da seca, como ação de combate a seca e não de convivência com a região
semiárida foi tema de debate durante a oficina. Contudo, os Kalankó se
organizam enquanto povo tradicional e convivem em equilíbrio com aqueles
chamados “não-índios”, que com eles dividem o dia a dia e se organizam
cotidianamente.
A produção do roçado é sua fonte de renda,
milho e feijão define a matriz produtiva de sementes, além da criação de
pequenos animais, está presente nas pequenas propriedades.
Essa ação da Cáritas resulta de uma relação
firmada em trabalhos anteriores com a comunidade, a convivência com o Semiárido
sempre esteve pautada, seja no repasse de pequenos animais, a partir da
metodologia de fundos solidários, bem como na implementação de banco comunitário
de sementes.
A Cáritas acredita que a partir de agora
reunindo esses elementos, é possível encabeçar uma campanha junto a pessoas e
instituições para levantar fundos e construir as 42 cisternas de placas, as
quais irão contribuir significativamente quanto ao armazenamento adequado da
água de consumo dessas famílias.
Esta campanha tem haver com a missão da
Cáritas e com a promoção da dignidade da pessoa humana. A água, enquanto
direito e a cisterna enquanto instrumento de ruptura da indústria da seca, é
sinal de vida e convivência com o semiárido.
Simone Lopes de Almeida
Voluntaria da Cáritas Diocesana de
Palmeira dos Índios e
Coordenadora do Coletivo Macambira
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