RESUMO DA HOMILIA PROFERIDA POR DOM DULCÊNIO NA MISSA FESTIVA DE SENHORA SANT´ANA
Neste
ano em que a Igreja no Brasil, com júbilo, celebra o Ano Nacional Mariano no vislumbre
do tricentenário do encontro da imagem de Nossa Senhora da Conceição,
carinhosamente apelidada pelos brasileiros com a alcunha de ‘Aparecida’, esta
comunidade paroquial, nos festejos de sua padroeira, Senhora Sant’Ana,
relaciona o contexto jubilar mariano com o ápice anual de sua caminhada,
prendendo-nos na relação natural que existe entre a Virgem Maria e a sua mãe,
Sant’Ana.
No Ano Mariano de 1987-1988, o Papa
São João Paulo II exortou para uma abrangente promoção de “uma leitura nova e
aprofundada daquilo que o Concílio disse sobre a bem-aventurada Virgem Maria,
Mãe de Deus, no mistério de Cristo e da Igreja”. Esta elucidação mariana foi
para salientar que desde que se realizou o mistério da Encarnação, a história
da humanidade entrou na ‘plenitude dos tempos’ e que a Igreja é sinal dessa
plenitude. Tal reflexão deverá servir para nossos dias atuais a fim de delinear
o futuro, rumo à condição de sociedade triunfante. Maria se torna modelo e
protótipo da Igreja, e nela se insere juntamente com Ana, sua mãe, esperando e
concretizando os desígnios salvíficos do Cristo Senhor.
Belo
é o conceito bíblico-teológico de Igreja – ekklesía,
convocação – onde, congregados, unidos pelo ligame do sangue de Cristo em
sua cruz, formamos única família divina,
que tem Deus por Pai e Maria por Mãe. No evangelho apropriado para a memória de
nossa padroeira, Senhora Sant’Ana, escutamos as palavras de Jesus segundo
Mateus (13,16-17), onde a Igreja contempla a última matriarca do Antigo
Testamento, Sant’Ana.
Para
todos os seus discípulos, toda a Igreja, Jesus, autor da salvação e princípio
de unidade e de paz, lança a convocação e constituiu com eles a Igreja.
Partindo deste pressuposto, na Igreja, Maria é ícone, e todos os profetas e
justos do Antigo Testamento se inserem, e, ao lado deles, São Joaquim e Senhora
Sant’Ana. A Igreja, que peregrina na história, abriga, pela fé, os seus membros
anteriores à Encarnação do Cristo, que, como nós, foram convocados na única
assembleia de Cristo, e estão ligados a nós pelo seu sangue redentor.
A
Igreja de Cristo é também nossa: d’Ele enquanto Cabeça; nossa enquanto membros.
E, se a Igreja é nossa, é de Maria. Vemos pela fé da Virgem Fiel como que um
espelho refletindo as maravilhas de Deus. E nós, Igreja, com Maria reconhecemos
a grandiosidade infinita e indizível de Deus.
A
fé da virgem Maria é avaliada grandemente no Calvário, no sacrifício cruento do
Senhor; a fé da Igreja é também avaliada neste mesmo Sacrifício atualizado em
cada Santa Missa, oblação incruenta do Senhor pascal. É na maternidade e
maestria de uma que a outra se faz presente, porque tanto Maria, Mãe e Mestra,
é filha da Igreja, como esta, igualmente Mãe e Mestra, é filha de Maria.
No
contexto neotestamentário, São Lucas nos Atos dos Apóstolos retrata a vida de
fé das primeiras comunidades cristãs, e a partir destas percebemos que Maria
‘na’ e ‘com’ a Igreja e a Igreja ‘em’ e ‘com’ Maria eram assíduas na oração, e
ambas se contemplam mutuamente à luz de Cristo, o Verbo de Deus.
Em
tudo o que tentamos elucidar nas supracitadas palavras, está a iniciativa de
Ana, Mãe de Maria, “Avó” da Santa Igreja. Se a Virgem é espelho ‘da’ e ‘para’ a
Igreja, Ana, sua Mãe, acaba por se espelhar na fé do fruto de seu ventre
outrora estéril, mas que produziu o mais fecundo modelo de fé dentre todas as
criaturas: Maria Santíssima. Tal engrandecimento é manifestado com São João
Damasceno: Ó formosíssima criança, sumamente amável! Ó filha de Adão e Mãe de
Deus! Felizes as entranhas e o ventre de que saíste! Felizes os braços que te
carregaram e os lábios que tiveram o privilégio de beijar-te.
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