A DUPLA EXPECTATIVA DO ADVENTO

 

A Igreja, em sua sabedoria, tendo em vista suscitar no povo de Deus um espírito de preparação para os solenes acontecimentos salvíficos celebrados no mistério da Encarnação do Cristo Senhor, coloca-nos, anualmente, diante do santo tempo do Advento.

A palavra ‘Advento’, do latim adventus, significa justamente “vinda”, “chegada”. É, pois, o período no qual toda a Igreja, qual sentinela, coloca-se na suave expectativa do seu Senhor que irá chegar. Neste sentido, o advento reveste-se de duas características complementares e indissociáveis, a saber: Preparar-nos para o mistério da Encarnação e volver o nosso olhar para a vinda gloriosa do Senhor no fim dos tempos.

Do primeiro domingo, com o qual iniciamos também o ano litúrgico, ao dia 16 de dezembro, acentua-se, na liturgia, o caráter Escatológico da história humana, uma vez que tudo aquilo que foi criado, assim o foi no Cristo e para Ele (cf. Jo 1,3). Cristo, Aquele que governa com cetro de ferro (cf. Ap 2, 27), é o alvo para o qual tende toda a realidade, é a finalidade para a qual se encaminha toda a criação. É o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim (cf. Ap 1, 8).

Nesta segunda vinda, Cristo aparecerá revestido de poder e majestade (cf. Sl 93, 1), assentado em seu trono glorioso, com um domínio eterno e um reino que jamais será destruído (cf. Dn 7, 13-14). É isso que professamos no credo, quando afirmamos: “Virá julgar os vivos e os mortos e o seu reino não terá fim”.

A nossa atitude, diante deste artigo de fé, não deve ser, de forma alguma, de desespero ou de atemorizar-nos diante do Dies Irie, mas, pelo contrário, devemos nos colocar a postos, em prontidão, em vigilância, com as lâmpadas acesas (cf. 12, 35) para o encontro com o Senhor, pois, não sabemos nem o dia e tampouco a hora em que Ele virá (cf. Mt 24, 36).

A segunda parte do advento, isto é, do dia 17 às primeiras vésperas do Natal do Senhor, Faz-nos refletir acerca da primeira vinda de Cristo. O Verbo Eterno do Eterno Pai assume a nossa condição humana, a nossa fragilidade, a fim de nos resgatar. Ele que embora sendo Deus, despojou-se de sua glória (cf. Fl 2, 6-7), desceu dos céus, a fim de salvar, redimir a humanidade que se perdera pelo pecado. Cristo, a segunda Pessoa da Santíssima Trindade, ao ver, compadecido, do mundo a perdição, veio, com seu amor, trazer-lhe a salvação (liturgia das horas- vésperas). Tal é o mistério que celebramos no Natal: Deus vem nos salvar, vem ao nosso encontro. Ele se faz Deus-conosco, Emanuel.

Revistamo-nos, portanto, neste santo tempo do advento que se inicia, de uma autêntica Esperança e de uma constante vigilância. Aquela nos faz lembrar que o Senhor nos abriu, com a sua Encarnação, as portas de uma eternidade feliz, esta nos recorda que um dia compareceremos diante dele trazendo conosco as nossas obras, boas ou más.

Finalmente, que a toda Santa Mãe de Deus, uma das figuras que se sobressaem no advento, ajude-nos a reconhecer e a adorar Aquele que verdadeiramente veio nos salvar e um dia voltará triunfante. Que ela, a mater spei, rogue por todos nós para que possamos vivenciar atenta, devota e santamente este tempo do advento. Assim seja!


 MAXUEL DA SILVA NASCIMENTO

Seminarista do 3º ano de Filosofia

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