POR QUE SER PADRE?

         
Devemos, inicialmente, entender que o sacerdócio é uma vocação, isto é, um chamado, de Deus, para uma entrega total ao seu projeto de amor. Ao longo de nossa caminhada vocacional, somos indagados, por que ser padre?
            Nos sentimos chamados por Deus para realizar, de forma plena, a nossa vida; sentimos, dentro de nós, uma voz que nos chamava para um serviço específico no seio eclesial. Daí percebemos que todo chamamento requer uma resposta, escolhemos de livre e espontânea vontade dizer sim, como resposta, porque a inquietude batia no mais profundo do nosso ser.         
    
 Poderíamos exercer qualitativamente outras funções e contribuir, de forma significativa, para o bem comum, como homens de Deus. No entanto, jamais seríamos realizados de forma plena, pois, somente somos felizes quando atendemos a voz de Deus e deixamo-nos ser conduzidos por meio do seu Espírito.
      
O sacerdócio é uma graça. Poder não por nossos merecimentos, mas por graça de Deus, agir na pessoa de Cristo cabeça e levar as pessoas à graça do perdão, à experiência com Deus, através do Santo Sacrifício Eucarístico. Não é um privilégio, porém uma grande responsabilidade confiada a nós por Deus.

O sacerdote, como nos fala a Sagrada Escritura em Hebreus 5, 1-9, é um homem tirado dentre os homens, que está disponível para o serviço, agindo IN PERSONA CHRISTI CAPITIS, oferecer sacrifícios por si mesmo e por todo o povo de Deus.

O ministério presbiteral não deve ser para nós, uma profissão, como se fôssemos meros funcionários do altar. Todavia devemos ser apaixonados por aquilo que fazemos e colocarmo-nos como ofertas vivas de amor pelo reino, na busca constante da configuração a Cristo, pelas vias do amor. Pelo ministério presbiteral, quando exercido com coerência e testemunho de vida, somos verdadeiros agentes de transformação. Exercendo o ministério sacerdotal, em virtude da pessoa de Cristo-cabeça, único e verdadeiro sacerdote da nova e eterna aliança, contribuirmos para o labor missionário da Igreja. E, em comunhão com Ela levarmos todo o povo de Deus a coinonia perfeita, que o próprio Verbum Dei deseja, “que todos sejam um, assim com Tu, Pai estás em Mim e Eu em Ti” (Jo 17,21). Este é ofício próprio do presbítero; conduzir a grei pela pregação da Palavra de Deus e pelos Sacramentos, (que celebradas de forma conjunta, possui uma força poderosíssima, e, por meio deles e de forma muita especial, a SAGRADA EUCARISTIA, de onde emana toda força espiritual da Igreja, que se realiza a salvação da comunidade eclesial) à unidade.

A autoridade sacerdotal não é uma insigne autoridade, mas é manifestação da Exousia (isto, é poder) do Senhor, por isso esta autoridade não pode ser exercida de forma arbitrária.

A excelência do ministério presbiteral consiste em ser um eterno servidor. Por amor, devemos fazer de nossa vida uma eterna doação, desde da vida do seminário até o exercício da ordem. não existirá o “meu tempo”, mas o tempo todo estará a serviço do povo de Deus. É por meio do serviço que o sacerdote edifica o povo Deus, exercendo o múnus de Cristo-cabeça e Pastor, poisele reúne em nome do Bispo, a família de Deus, como fraternidade animada por um objetivo, conduzi-la por Cristo, no Cristo a Deus Pai”.[1]

O exercício deste dom é conferido por uma ação do Espírito Santo, dada para o fortalecimento de toda comunidade Cristã. O presbítero deve possuir total comunhão e filiação ao bispo e ao Papa (príncipio de unidade da Igreja), ensinando ao povo de Deus a Sã Doutrina, admoestando como filhos e levando a comunidade para liberdade e fortalecimento da consciência de povo de Deus.

 O Pe. Bernhard em seu livroPadres....  ... Para a Igreja, define o padre de forma simples, porém majestosa: “o padre é por vocação o homem para os outros, deve ser não preocupado com status, mas com o serviço, com a doação”.

No tempo em que vivemos, quando se fala de sacerdote no mundo civil, um tema que é bastante discutido é o celibato. Ele não deve ser encarado como uma mera obrigação eclesial, Contudo, um dom de Deus, confiado a nós na força do Espírito Santo, pois Ele nos chamou e nos dará meios para vivermos, de forma plena, a nossa vocação.

O celibato é uma doação. Por amor, colocamo-nos inteiramente, a disposição do Senhor, renunciamos a tudo, para  seguir a Cristo. O celibato é “uma pérola preciosa”, que apesar dos inúmeros ataques e críticas, permanece intacto e valioso. Pelo celibato o sacerdote se consagra, inteiramente, ao Senhor.

O celibato não pode ser encarado por uma ótica meramente biológico-racional. Todavia, por um olhar de . Deste modo as pessoas esquecem-se que o homem é como nos diz São Paulo: “Sarx, Peneuma e Anima”, isto é, o homem é Corpo, Espírito e Alma.O corpo é o espaço onde se encontra toda a nossa capacidade biológica (os impulsos, as vontades, as idéias etc.). O Espírito, por sua vez é a graça superabundante de Deus na vida humana, que encoraja e capacita para vencermos e superarmos os mais diversos obstáculos da nossa existência. a alma, que é o princípio de individualização, graças a ela, o corpo é algo que tem ânimo (vida).

Ser Padre é a alegria da minha juventude, amando radicalmente a Cristo, entreguei-me a Ele por inteiro, deixando todos os dias que Ele faça tudo em mim. Não há mais o meu tempo, o tempo todo estou à disposição do Senhor.

Portanto, quero desejar a todos os padres, diáconos provisórios, seminaristas e vocacionados a seguinte mensagem: Tenham coragem! O caminho é árdua e cheio de tropeços, porém se confiares em Cristo em todos os momentos de suas vidas, verão que Deus na sua bondade os conduzirá para uma santa vida presbiteral. Entregue-se por inteiro, não tenham medo do Senhor, pois Ele não nos tira nada, contudo, constantemente presenteia-nos com seu amor. Sejam ternos, os padres precisam resgatar em suas vidas a ternura de Deus para com suas ovelhas.

Deus vos abençoe!




[1] Presbiterorum ordinis, 1155.


Oração pelas vocações e pelos sacerdotes

Divino Salvador Jesus Cristo, concedei-nos sacerdotes santos, inflamados no fogo do vosso amor, totalmente doados à edificação da vossa Igreja. E vós, ó Maria, Mãe dos Sacerdotes, vós que sois a Onipotência Suplicante, socorrei-os a todos, nos trabalhos e dificuldades em que se encontrarem. Virgem Mãe e Rainha dos Apóstolos de Jesus, aumentai nas famílias o respeito e o amor ao sacerdócio; suscitai novas vocações sacerdotais e religiosas. Guiai segundo o amor de vosso coração, os nossos seminarista, para que sejam mais tarde, dignos ministros do altar, santos e dedicados pastores do povo cristão. Assim seja.

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