RETIRO DO CLERO:

ALEGRIA, SIMPLICIDADE, COMUNHÃO E SERVIÇO


De 21 a 24 de abril de 2014, o bispo, os presbíteros e os diáconos da Diocese de Palmeira dos Índios se reuniram na Casa de Retiro Sagrada Família, em Arcoverde-PE, para participarem do retiro anual do clero, pregado por Dom Mário Rino Sivieri, bispo de Propriá-SE. Foi um momento bastante significativo!
Dom Mário fez oito meditações para nós, nas quais podemos identificar quatro temas fundamentais: a alegria, a simplicidade, a comunhão e o serviço.

 

        Fazendo referência ao Papa Paulo VI e ao Papa Francisco, o pregador iniciou o nosso retiro com um tema frequentemente negligenciado no Cristianismo: a alegria! De fato, o Cristianismo é a religião da alegria, mas, como diz Joseph Ratzinger em O sal da terra, não aquela alegria “no sentido de um divertimento qualquer, que pode ter o desespero como pano de fundo [...]. É uma alegria que está presente numa existência difícil e torna possível que essa existência seja vivida”. É a alegria que brota da Cruz de Cristo, que nasce da certeza de estarmos nas mãos de Deus, que sentimos toda vez que colocamos nossa vida a serviço dos irmãos.
Dom Mário também falou da simplicidade, recordando-nos a proposta de “simplificação” do Papa Francisco, de uma Igreja mais simples e mais próxima das pessoas. Mais do que nunca, a Igreja de hoje é chamada à simplicidade, que passa, inclusive, pelos paramentos que usamos em nossas celebrações. A exemplo do Mestre, o sacerdote deve buscar sempre o último lugar, deve estar sempre perto da Cruz de Cristo, deve procurar aquele “centro em baixo” do qual fala São Boaventura.
          

 
         A comunhão deve ser a nossa primeira pastoral, disse-nos o pregador do nosso retiro. Para muitos, comunhão não passa de um romantismo ingênuo. De fato, a presente realidade eclesial tem provado isso. Basta pensar, por exemplo, nas oposições silenciosas e declaradas que são feitas ao Papa Francisco, vindas do interior da própria Igreja, ou da resistência feita às iniciativas da CNBB, muitas vezes alvo de críticas preconceituosas. Contudo, somos chamados à comunhão porque Deus é comunhão! Nesse contexto, Dom Mário falou com insistência da fraternidade sacerdotal, que, para ele, deve ser uma comunhão não somente de bens espirituais, mas também de bens materiais. Mas, para sermos fraternos uns com os outros, precisamos, na expressão de Hans Urs von Balthasar utilizada por Dom Mário, “derrubar os bastiões” (Derrubar os bastiões é o título de um livro publicado por Balthasar, em 1952) existentes entre nós, que nos distanciam uns dos outros, isolando-nos. Precisamos sair do isolamento de uma vida medíocre para a solidariedade de uma vida de amor – a si, ao outro, a Deus.

 

 
      Dom Mário deixou muito bem claro que ninguém é sacerdote para si mesmo, assim como também ninguém é cristão para si mesmo. O sacerdote é o homem do serviço, por isso deve estar a serviço de todos. Lembrou-nos o exemplo de Dom Luciano Mendes de Almeida, o grande arcebispo de Mariana-MG, um homem verdadeiramente exemplar, que dizia para cada pessoa que se aproximava dele: “Em que te posso servir?”. Gestos simples, por meio dos quais se revela toda a grandeza de um homem de Deus. Nossa dignidade não está nos paramentos que usamos durante as nossas celebrações, nem nas roupas que vestimos no nosso dia-a-dia, nem no tratamento que recebemos (senhor, reverendo, excelência etc.), mas no serviço que prestamos ao próximo. Se o nosso Senhor e Mestre lavou os pés dos seus, fazendo-se escravo de todos, nós, seus discípulos de hoje, devemos fazer a mesma coisa.


 

Por fim, o retiro nos ajudou a compreender que no centro da nossa vida de sacerdote não deve estar o dinheiro, o poder, o prazer, mas o Senhor Crucificado, loucura para o mundo e sabedoria para nós que acreditamos e que fomos chamados por Ele para ajudar os homens e mulheres deste mundo a encontrar a face Deus.

Diác. Bruno Igor Oliveira Cavalcante






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