MISERICÓRDIA: EXERCÍCIO DE BOM GRADO PORQUE NOS APROXIMA DA SALVAÇÃO
Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios- AL
Sabemos
que, a partir do momento em que recusa livremente aquilo que lhe foi proposto
por seu Deus, seu criador, para sua realização, afastando-se d'Ele, todo homem
experimenta no seu íntimo a fragilidade de pecar. Na verdade, o pecado entrou na humanidade e
atingiu o mundo em que nós vivemos.
Deus
Pai, com a Sua bondade infinita para com o homem pecador, envia seu Filho para
livrá-lo do pecado e chamá-lo das trevas para a luz verdadeira. Cristo Jesus
exortou os homens à conversão, acolheu os pecadores e curou os enfermos para
manifestar o poder de perdoar os pecados. Finalmente, morreu pelos pecados do
homem e ressuscitou para a salvação de todos.
A
proclamação do Ano da Misericórdia no próximo dia 8 de dezembro pelo Papa
Francisco, vem confirmar mais ainda, que a Igreja, sempre primou e continua a
ação libertadora de Jesus. Ele não deixa de convidar os homens e mulheres à
conversão manifestando a Sua vitória sobre o pecado, principalmente pelo poder
de sua Cruz Redentora que age nos sacramentos do Batismo, da Eucaristia e da
Reconciliação.
O
cristão no mundo experimenta em si o pecado e as suas consequências. Por isso,
ele é chamado a viver, dia após dia, uma conversão contínua e renovada,
respondendo os apelos de Deus. A misericórdia é uma oportunidade da Divina
Graça que deve ser profundamente aproveitada na vida de quem a sente, de quem a
experimenta. A misericórdia infunde o desejo de conversão. Assim sendo, a
misericórdia e, portanto, o perdão do Senhor, no esforço de viver na liberdade
e na verdade, entrevê-se na vida do próprio Deus, seja graças a reta conduta
moral, seja a um desejo da perfeição consumada na vida eterna.
Numa
situação de pecado, exige-se um processo de arrependimento, de reparação e
reconciliação. É aí que entra a misericórdia, pois, pelo Sacramento da
Reconciliação, sempre encontramos a graça do perdão de Deus e a reintegração na
comunidade eclesial, mediante a ação visível da Igreja. Para ser mais compreensível,
após o despertar de uma vida distante com a de Deus, ou seja, mergulhado no
pecado, a pessoa, tocada pela Palavra, deve procurar para si a purificação
sacramental da Igreja. Exclusivamente, este purificar-se se dá pelo sacramento
da Reconciliação ou Confissão. Aí, há um compromisso expresso com clareza pelo
Ato de Contrição: “Meu Deus, eu me arrependo, de todo o meu coração, de vos ter
ofendido, porque sois bom e amável. Prometo, com a vossa graça, esforçar-me
para ser bom. Meu Jesus, Misericórdia”.
Palmilhar
na misericórdia é um exercício de bom grado porque nos aproxima da salvação. É
igualmente uma escola que nos faz provar, em meio às necessidades do tempo, o
justo caminho a ser seguido: os valores do Reino (cf.: Mt 6, 33), como bem nos
ordenou Nosso Senhor no Sermão das Bem-aventuranças.
Seja-nos,
por isso mesmo, o Ano da Misericórdia um período propício para uma consciência
ajustada para melhor aproveitarmos este dom magnânimo de Deus para todos nós.
Jesus, Rosto da Misericórdia. Encarnado, chama-nos, em proposição, para um novo
sentido de vida, orientado pelo amor de Deus, que quer, por nós e em nosso
favor, eivar o mundo de nobres sentimentos, levando tantos e tantos, pelo
caminho de conversão sincera, à amizade com Deus; amizade que se constitui
nossa felicidade ainda nesta temporalidade. Dessa maneira continuaremos a
contar, tais como testemunhas e provadores, com a misericórdia do Senhor.
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