CARTA ABERTA AO POVO DE DEUS DO REGIONAL NORDESTE 2 DA CNBB
Refletindo
sobre o protagonismo dos cristãos leigos e leigas e tendo presente nossa
conjuntura pastoral,nós, (arce)bispos, presbíteros, diáconos, religiosos,
religiosas, leigos e leigas das vinte e uma dioceses que compõem o Regional
Nordeste 2 da CNBB (Estados de Alagoas, Pernambuco, Rio Grande do Norte e
Paraíba), estivemos reunidos durante a 50ª Assembleia Pastoral, de 20 a 24 de
outubro de 2015, em Lagoa Seca (PB), e por ocasião do lançamento da Campanha da
Fraternidade de 2016, de 11 a 13 de fevereiro, na cidade de Patos (PB). Nesse
contexto, assumimos diretrizes e pistas pastorais em nossa ação evangelizadora a
serem aprofundadas em nossas paróquias, comunidades, pastorais, movimentos,
organismos eclesiais.
Reafirmamos a
nossa profunda comunhão com a eclesiologia da Conferência de Aparecida, as
intuições pastorais do Papa Francisco e as Diretrizes da Ação Evangelizadora da
Igreja no Brasil, 2015-2019 - “Evangelizar a partir de Jesus Cristo, na força do
Espírito Santo, como Igreja discípula, missionária, profética e misericordiosa,
alimentada pela Palavra Deus e pela Eucaristia, à luz da evangélica opção
preferencial pelos pobres, para que todos tenham vida, rumo ao Reino definitivo”.
Como fruto da
caminhada de cinquenta anos do Regional Nordeste 2, propomo-nos ser uma Igreja
atuante nas nossas ações pastorais, orgânicas e de conjunto, em nossas Igrejas
particulares. É necessário valorizar o caráter de sinodalidade, nas esferas dos
conselhos diocesanos, paroquiais, comunitários, vivendo a unidade na caridade, num
só coração e numa só alma. (cf. At. 4,32).
Percebemos
muitas sombras dificultando nossa ação pastoral: indiferentismo,
individualismo, fundamentalismos, violência, drogas, crescimento desordenado
das cidades, escassez de água em muitas de nossas cidades, omissão nas
políticas públicas, sobretudo na esfera da saúde, educação, moradia, problemas
ambientais e a corrupção que desvirtua o sentido da política. Nossa casa comum
está descuidada. Diante disso, reafirmamos o nosso profetismo, caridade e
solicitude pastoral, a exemplo de Jesus. Queremos ser uma Igreja viva que vai
ao encontro das “periferias geográficas e existenciais”, que cause impacto e
saiba dialogar com as estruturas do nosso tempo, colocando-nos como uma Igreja
a serviço da vida plena para todos.
Assumimos uma
“pastoral decididamente missionária que anuncie o Evangelho da Alegria”,
fomentando, nos planos pastorais e estruturas eclesiais, práticas como as
Santas Missões Populares e outras experiências missionárias, com uma atenção
especial à religiosidade popular.
Continuaremos
a refletir sobre a conversão pastoral da paróquia, segundo o Documento 100 da
CNBB, repensando as nossas estruturas paroquiais, acolhendo novos discípulos
missionários, valorizando as pequenas comunidades, formando lideranças leigas,
valorizando os ministérios leigos, criando redes de solidariedade entre
paróquias e comunidades, com caixa comum e ajuda solidária.
Reconhecemos
o papel dos cristãos leigos e leigas no exercício do ministério conferido pelo
batismo e pela crisma, como agentes de transformação no mundo e na Igreja, pela
consciência missionária, profética, social, caritativa e política, valorizando
a organização de suas expressões nos conselhos e comissões pastorais da CNBB.
Olhando os grandes desafios evangelizadores da juventude,
cuidemos da pastoral juvenil, nos espaços sociais, intelectuais e culturais, escolas,
universidades e grupos afins. É tarefa urgente ir ao encontro da juventude,
levando-a à pessoa de Jesus, tocando o seu coração como discípulos missionários
do Mestre e Senhor. Valorizem-se as expressões juvenis existentes como uma
escola de missionários: “jovens evangelizando jovens”.
A família, imagem de Deus, assume a missão de ser
sacramento do amor de Deus. Dediquemo-nos à evangelização da família, mediante
uma sólida preparação para o Sacramento do Matrimônio, valorizando e defendendo
a vida em todas as suas etapas. Dispomo-nos a ser uma Igreja misericordiosa,
acolhendo situações dolorosas, para cuidar das feridas, revelando a imagem do
Cristo que acolhe os pecadores e os leva à conversão. Apostamos numa pastoral
familiar sólida, com grupos de casais que valorizem o diálogo, a escuta, a
oração e o perdão.
Insistimos junto aos formadores dos futuros
presbíteros que priorizem no programa formativo esses desafios pastorais do
nosso tempo, formando pastores segundo o coração de Deus, sensibilizados com o
pastoreio das ovelhas necessitadas da presença da Igreja, imagem do Cristo, Bom
Pastor.
Sentimos a urgência de desenvolver em nossas
comunidades o processo de Iniciação Cristã, optando pelo método catecumenal e
mistagógico, valorizando a Palavra de Deus como eixo central da nossa ação
catequética. É fundamental formar catequistas como um verdadeiro ministério na
comunidade, que leve o querigma (anúncio) atraente e eficaz, a exemplo das
primeiras comunidades cristãs.
A liturgia é fonte, centro e ápice da vida da Igreja;
por isso, é preciso tornar nossas celebrações cada vez mais orantes,
participativas e frutuosas, valorizando a proclamação da Palavra de Deus e a
homilia com um diálogo de Deus para com seu povo, pois, ao receber o pão da
Palavra e da Eucaristia, somos transformados nAquele que recebemos.
Incentivemos em todas as paróquias e comunidades a participação na celebração
do Dia do Senhor como páscoa semanal.
Almejando
que, por nossa ação evangelizadora, toda honra e toda glória sejam dadas ao Pai
do céu, por Jesus Cristo como Mestre evangelizador, na força do Espírito Santo,
imploramos sempre a proteção da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de Deus e
Senhora Nossa. Amém!
Patos (PB), 13 de fevereiro de 2016
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