AS DUAS FASES DA PREGAÇÃO DE PAULO
Tudo indica que houve
duas fases da pregação do Apóstolo Paulo.
A primeira fase teria
sido aquela da presença física do Apóstolo, do anúncio oral, da evangelização,
da apresentação de ensinamentos, da prescrição de normas, a qual se concluía
com o Apóstolo fundando comunidades. Na segunda fase, Paulo acompanhava e
guiava o desenvolvimento dessas comunidades de longe, quer seja com visitas
posteriores ou com o envio de colaboradores. Assim, o envio de cartas fazia
parte da segunda fase da pregação do Apóstolo. Nas cartas, há as seguintes
menções da primeira fase: 1,Ts 3,4: “Quando estávamos entre vós, vos
preveníamos”; 1Ts 4,6: “Como já dissemos”; Gl 5,21: “Como já disse”; “vós sabeis que” (1Ts 3,3; 4,2; 5,2), “não
sabeis que?” (1Cor 3,16; 6,2.3).
Quando Paulo começa a
escrever suas cartas o faz como um pastor, de tal modo que as cartas podiam ser
escritas de diversas maneiras. Às vezes o próprio remetente escrevia, outras
vezes ditava. Cada sílaba podia ser copiada pelo secretário, ou o remetente
poderia indicar as linhas gerais da mensagem e o escriba fazia a formulação
literária. Nesse sentido, tudo indica que Paulo escreveu a próprio punho uma
carta breve inteira (Fm 1,19); outras vezes pode ter escrito a próprio
punho apenas uma parte (Gal 6,11); em outro momento todo o restante, ou
toda ela, foi ditada por Paulo e escrita por um secretário seu (Rm 16,22).
Escrevendo como um mestre, como alguém que responde às questões apresentadas
por suas comunidades, Paulo desenvolve as suas epístolas como funções de uma atividade
eminentemente apostólica.
Desse modo, as cartas
paulinas tinham como objetivo a orientação, ou a supervisão do desenvolvimento
da vida das comunidades, de tal maneira que Paulo escreveu suas cartas também no
intuito de que elas fossem lidas em voz alta nas assembleias, como substituição
da sua pessoa, fazendo o que ele faria se estivesse presente (Col 4,16). Mas,
aos poucos as cartas foram tomando a autoridade de Escritura, de tal modo que como
a coleção dos evangelhos era dotada de autoridade por preservar as palavras de
Jesus, a coleção paulina possuía autoridade por preservar o ensino daquele que
foi reconhecido como o apóstolo de Jesus Cristo junto aos pagãos (2Pe 3:15-16).
Assim, partir do
século II (por volta de 200 d.C) as cartas de Paulo começaram a circular em
forma de coleção. Alguns
sugerem que tenha sido Lucas quem a organizou e talvez em Alexandria.
Padre Marcos André Menezes dos Santos
Sugestão
de Leituras:
PESCE,
M. As duas fases da pregação de Paulo. São
Paulo: Loyola, 1996.
BROWN,
R. Introdução ao Novo Testamento. São Paulo: Paulinas, 2012.
BRUCE, F. F. O Cânon das Escrituras. São Paulo:
Hagnos, 2011.
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