POR UM FUTURO SENSATO
Prezados leitores e leitoras,
Ultimamente, nos deparamos com certa
inquietação por conta de pessoas que insistem na ideia sobre a ‘Identidade de Gênero’
ou a igualmente chamada ‘Ideologia de Gênero’. Esta teoria insiste na “distorção
completa do conceito de homem e mulher, ao propor que o sexo biológico seja um
dado do qual deveríamos libertar-nos cabendo a cada indivíduo decidir o tipo de
gênero a que pertenceria nas diversas situações e fases da sua vida”. (Nota Circular dos Bispos do Regional
Nordeste 3 sobre a questão da Ideologia de Gênero).
No meu modo de pensar, forçar a
implementação da ‘ideologia de gênero’ chega até mesmo ser um constrangimento à
família e à toda sociedade, isso sem me deter ao contristar com o querido por
Deus quando da obra da criação. Constranger é incomodar, forçar; é, ainda,
coagir e compelir. Entendam, baseio-me na nota dos Bispos do Regional Nordeste
3, que elucida: “No mês de junho todos os 5.570 municípios brasileiros deverão aprovar
seus Planos Municipais de Educação (PME) de acordo com o Plano Nacional de
Educação (PNE) 2014-2024, instituído pela Lei 13.005/2014. Para relembrar,
trazendo à lume os fatos, o PNE foi fruto de um intenso debate democrático com
participação dos cidadãos brasileiros e de muitas pessoas com interesse pela
família. Nele, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal rejeitaram a menção à
‘igualdade de gênero’ pela relação direta que a expressão tem com a chamada
‘ideologia de gênero’”. Se foi rejeitado na Câmara Federal e no Senado, por
que, disfarçada e sutilmente, reaparece agora, colocado no processo para
aprovação dos Planos Municipais de Educação que orientarão as secretarias de
Educação e as diretorias das escolas municipais nos próximos dez anos? Creio
que tudo isto está sendo veladamente apresentado – como que na surdina – porque
pouco acompanhamos as discussões e atividades dos legislativos municipais, já
que as votações naquelas casas - que seriam populares - são pouco acompanhadas
pelos cidadãos, tendo em vista também o pouco, ou até mesmo o total
desinteresse das grandes mídias de comunicação, grande formadoras da opinião
pública. Caso os Planos Municipais de Educação contenham os ditames da
‘ideologia de gênero’, comprometeremos a formação de toda uma geração, levando
em conta o seu período de vigência: a duração de uma década. Se a aprovação
acontecer, os efeitos e consequências serão infindamente trágicos às consciências
e aos valores dos indivíduos, da família e da sociedade como um todo,
independentemente do credo que professam.
Tal como afirmam os bispos, isso é um
desrespeito. E digo mais: como tudo está sendo conjecturado, negociado e feito
pelos pregoeiros da perversão dos costumes, isto é uma violência, pois os que
estão por trás dessa implantação da ‘ideologia de gênero’ não se conformam com
as reiteradas derrotas na Câmara e no Senado, no intuito pertinaz de ver
concretizado em nossa sociedade um dos maiores equívocos da civilização humana
com a aprovação do Estado. Nosso Senhor “elogia”, no Evangelho de São Lucas
(cf. 16,1-10), essa habilidade dos estultos e servidores do erro, dizendo que é
uma lição para os que propugnam pelo bem e pela verdade. Se eles são
ferrenhamente defensores do erro e da confusão, com igual ou superior
persistência, defendamos a luz da verdade, pois, como avalia o frade
dominicano, Professor Estevão Vallaro, “se os cristãos, em geral, empregassem,
em defesa do bem, metade do esforço dos que lutam pelo erro e pelo mal, com
atrativos e maneiras que agradam, creio que o mundo seria mais feliz”. Para difusão dessas ideias, os seus defensores têm como
meta a “desconstrução” da sociedade, começando por minar a família e, com este
intento, a educação dos filhos. (Nota
Circular dos Bispos do Regional Nordeste 3 sobre a questão da Ideologia de
Gênero).
Os bispos da Bahia e Sergipe
enumeraram cinco partes inconvenientes para educação consoante à ‘ideologia de
gênero’. Corroborando, como Pastor, as elenco aqui, apresentando-as com maiores
detalhamentos: 1) A confusão causada nos crianças no processo de formação de
sua identidade, fazendo-as perder referências acerca de uma salutar, biológica,
necessária e consuetudinária noção de paternidade e maternidade; 2) A
sexualidade precoce, na medida em que a ideologia de gênero promove a necessidade
de uma diversidade de experiências sexuais para formação do próprio “gênero”.
Pois, para tratar disto em sala de aula, por exemplo, as nossas crianças terão
de, o quanto antes, ingressar nas fases de um antecipado autoconhecimento
fisio-psicológico, pulando, destarte, etapas da puerilidade, desrespeitando a
sua devida maturidade; 3) Num contexto em que há um combate por parte da
sociedade como um todo, a 'ideologia de gênero' seria uma abertura perigosa
para a legitimação da pedofilia, que poderá também ser considerada um tipo de
gênero; 4) A banalização da sexualidade humana, aumentando a violência sexual,
sobretudo contra as mulheres e homossexuais. Este fato, associado ao uso
insensato da internet, poderá ser, maiormente, agravado; 5) A usurpação da
autoridade dos pais, em matéria de educação de seus filhos, principalmente no
tocante à moral e à sexualidade, já que todas as crianças serão submetidas às
influências dessa ideologia, muitas vezes sem o devido conhecimento e
consentimento dos pais, infringindo os valores cultivados pela sã educação
familiar, fruto também de suas convicções religiosas.
Meus amigos e irmãos, esforcemo-nos
para levar adiante a mensagem que dignifique a família e salve a sociedade de
uma terrível crise, de identidade inclusive. Que nossa bondade, nossa palavra,
nosso empenho no apostolado de Cristo-Verdade e no zelo pelo futuro invadam o
mundo. É uma cruzada santa, para a qual Cristo pede o nosso coração, as nossas
forças, a nossa capacidade e bom senso. Imediatamente, procurem os vereadores,
prefeitos e educadores, cidadãos e eleitores, homens e mulheres de boa vontade,
para que conversem, e, pelo diálogo franco, seja mostrada a posição contrária da
maioria das famílias sobre a ‘ideologia de gênero’. Se nos entregarmos a esta
árdua tarefa, não teremos trabalhado em vão. Em simultâneo, o bom Deus ficará
feliz com todos nós.
Dom Dulcênio Fontes de Matos
Bispo Diocesano de Palmeira dos Índios
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