INICIAÇÃO CRISTÃ: PEREGRINAÇÃO NO CAMINHO DA FÉ
Na última
Assembleia Geral do Episcopado brasileiro, a quinquagésima quinta, fomos
norteados à uma reflexão mais atenta sobre a Iniciação à Vida Cristã. Por este
motivo, como Pastor Diocesano e participante da sobredita Assembleia, desejo
oferecer – ainda que brevemente – do frescor de nossas discussões.
Não podemos
nos esquecer do que aprendemos na Catequese: os Sacramentos da Iniciação Cristã
são três: Batismo, Confirmação e
Eucaristia. É a partir deles que se descortina ao fiel as sendas da Fé. Com
toda justiça, esses Sacramentos (em especial o do Batismo) são figurados como
‘porta’ à Fé. Desta maneira, o cristão descobre quem é Deus pelos rudimentos do
Evangelho, instrui-se sobre a Sua Divina Pessoa, cria intimidade com Ele,
alimenta-se d’Ele.
É bem verdade
que todos, absolutamente, os sete sacramentos foram instituídos, em Pessoa, por
nosso Senhor Jesus Cristo. A sua compreensão foi-se alargando, graças a ação do
Espírito Santo, que ilumina e governa a Igreja, ao longo dos séculos. E a
prática sacramentária foi ganhando os caracteres que conhecemos na atualidade.
Portanto, muito embora esta coligação entre Batismo, Crisma e Eucaristia não
tenha sido tão largamente praticada ao longo de muitos séculos (tendo em vista
que já o existisse nos primeiros períodos do cristianismo), a Igreja,
vasculhando os tesouros da Graça que ela oferece aos filhos, redescobre o valor
desta ‘tríade’ sacramental.
No Ritual da
Iniciação Cristã para Adultos, logo nas suas preliminares, encontramos: “O
Batismo os incorpora[referindo-se aos seres humanos] a Cristo, tornando-os
membros do povo de Deus; perdoa-lhes todos os pecados e os faz passar, livres
do poder das trevas, à condição de filhos adotivos, transformando-os em novas
criaturas pela água e pelo Espírito Santo;por isso, são chamados filhos de Deus
e realmente o são. Assinalados na Crisma pela doação do mesmo Espírito, são
configurados ao Senhor e cheios do Espírito Santo, a fim de levarem o Corpo de
Cristo [a Igreja: Corpo Místico de Cristo] quanto antes à plenitude.
Finalmente, participando do Sacrifício Eucarístico, comem da Carne e bebem do
Sangue do Filho do Homem, e assim recebem a vida eterna e exprimem a unidade do
povo de Deus; oferecendo-se com Cristo, tomam parte no sacrifício universal, no
qual toda a cidade redimida [nas palavras de Santo Agostinho: a Igreja] é
oferecida a Deus pelo Sumo Sacerdote; e ainda suplicam que, pela abundante efusão
do Espírito Santo, possa todo o gênero humano atingir a unidade da família de
Deus. De tal modo se completam os três sacramentos da Iniciação Cristã, que
proporcionam aos fiéis atingirem a plenitude de sua estatura no exercício de
sua missão de povo cristão no mundo e na Igreja” (RICA, 2). Praticamente,
funcionam os sacramentos da Iniciação Cristã na vida de quem os recebe: o
Batismo nos segrega para Deus, e a partir dele, somos formados; a Crisma, nos
envia para a missão de cristãos no mundo; a Eucaristia, alimenta-nos de Cristo,
e não nos deixa fracos para o exercício desta jornada que se encerrará somente
quando do nosso ingresso na Pátria Celestial.
Não é que com
este ‘redescobrir’ da prática ritual da Iniciação Cristã, onde os sacramentos
são conferidos numa mesma celebração, ou onde a catequese é dada para este fim,
o costume quetemos de batizar, crismar e comungar, cada um ao seu tempo, não
tenha a sua importância. Muito pelo contrário: é de imensa valia! Inclusive
respeitando a idade cronológica, psicológica e espiritual da pessoa que os
recebe, fazendo com que, passo a passo descubra a Fé e se descubra. Entretanto,
a Igreja, como ‘Mãe Bondosa’, também deseja abrir este caminho para aqueles que
não tiveram a mesma oportunidade (por qualquer motivo que seja) que nós, não os
esquivando da Graça. Assim sendo, continuemos a batizar as nossas crianças, a
façamos comungar, confirmemos a fé dos nossos jovens, tudo isto devidamente
acompanhado da concernente catequese como conhecimento deste caminho que os
Sacramentos da Iniciação Cristã nos apresentam.
Como Bispo
desta Diocese de Palmeira dos Índios sou munido do auxílio dos padres, diáconos
e dos catequistas de uma forma geral para esta iniciativa de “formar para o
Senhor um povo bem disposto” (cf.Lc 1,17), tal como São João Batista o fez.
Graças a Deus! Mas, como se diz que “a alegria do pastor é o progresso do
rebanho”, desejo ver multidões sedentas do mergulho nos divinos mistérios pelos
sacramentos, pessoas desejosas de Deus, ardorosas por conhecê-Lo, amá-Lo,
segui-Lo; fiéis convictos de sua Fé, integralmente a que receberam da Igreja,
quando se decidiram lançar-se a caminho, norteados pelo Cristo Senhor que fala
e ensina por esta mesma “Senhora Católica”, tal como a nomina Santo Agostinho
de Hipona.
DOM DULCÊNIO FONTES DE MATOS
Bispo da Diocese de Palmeira dos Índios
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