A PALAVRA DE DEUS NA IGREJA



A Igreja, desde o seu nascimento, sempre esteve relacionada intimamente com a Sagrada Escritura, pois, fundada pela Palavra que se fez carne (cf. Jo 1, 14), Nosso Senhor Jesus Cristo, plena realização das promessas do Antigo Testamento, anuncia a Boa Nova da qual ela é guardiã, gerando, assim, por inspiração divina e pela pregação apostólica, o Novo Testamento.

Contemplando o movimento da Tradição da Igreja, o Concílio Vaticano II declara: “A Igreja sempre venerou as divinas Escrituras como venera o próprio Corpo do Senhor, não deixando jamais, sobretudo na sagrada Liturgia, de tomar e distribuir aos fiéis o pão da vida, quer da mesa da Palavra de Deus quer da do Corpo de Cristo” (Constituição Dogmática Dei Verbum, nº 21). Assim como a Eucaristia, a Palavra de Deus é fonte de vida, pois ela mesma é viva e eficaz (cf. Hb 4, 12) e alimento espiritual (cf. Jr 15, 16).

A Igreja no Brasil, atendendo ao pedido do referido Concílio que, “exorta com ardor e insistência todos os fiéis, mormente os religiosos, a que aprendam ‘a sublime ciência de Jesus Cristo’ (Fl 3,8) com a leitura frequente das divinas Escrituras” (Constituição Dogmática Dei Verbum, nº 25), dedica o mês de setembro à leitura, meditação e estudo da Palavra de Deus, não enquanto período limitado de trinta dias, mas como protótipo de um frequente encontro que se deve estender por todo o ano, e queira Deus, por toda a vida, pois sua Palavra é lâmpada para nossos pés e luz para o nosso caminho (cf. Sl 119, 105).

Entre tantos Santos Doutores da Igreja que desenvolveram importantes estudos e comentários a partir das Sagradas Escrituras, destaca-se São Jerônimo (347-419/420) e seu magistral empenho em traduzir dos originais hebraico e grego das Escrituras para o latim (Vulgata). Nascido de família cristã e de cuidadosa formação, escolhe a vida ascética, vivendo no deserto e dedicando-se aos estudos do grego e do hebraico. Tornou-se conselheiro e secretário do Papa Dâmaso, o qual o encorajou a empreender a tradução latina dos Textos Sagrados. Peregrinou à Terra Santa, ao Egito, e, por fim, retornou à Belém, onde desenvolveu uma intensa atividade pastoral e espiritual até a sua morte.

A célebre frase de São Jerônimo “ignorar as Escrituras é ignorar o próprio Cristo” (Comm. in Is. Prol.: PL 24, 17) revela o amor que teve pela Palavra de Deus traduzida, antes de tudo, em sua própria vida, deixando-nos o exemplo a ser seguido. Assim, afirma o Papa emérito Bento XVI: “é importante que cada cristão viva em contato e em diálogo pessoal com a palavra de Deus, que nos é dada na Sagrada Escritura” (Audiência Geral, 7/11/2007). Palavra pessoal e comunitária, que fala ao íntimo e que constrói comunhão. Portanto, como São Jerônimo, que a intimidade com a Palavra de Deus nos faça verdadeiros cristãos e frutifique em benefícios para toda a Igreja.

 

JOSÉ IVISON REIS DA SILVA

Seminarista do 2º ano de Teologia


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